Essa indiferença me mata.
Cada vez que passa os ollhos e não os fixa em mim, sinto uma fisgada, uma cegueira me toma os olhos, e então eu não sei o que fazer para mudar o fato, que tu nunca me verás.
Mesmo ao meu lado, mesmo me olhando, trocando palavras comigo, nada vai mudar. Eu já não posso mais sorrir sinceramente, nem olhar indiscretamente o teu olhar. Muito menos fingir um abraço tímido, nada resolverá.
Um comentário:
Existe um cara que é conhecido como o poeta da Floresta, e ele faz a comparação interessante da vida com um rio:
"Ser capaz, como um rio
que leva sozinho
a canoa que se cansa
(...)
Se tempo é de descer,
reter o dom da força
sem deixar de seguir.
E até mesmo sumir
para o subterrâneo,
aprender a voltar
e cumprir no seu curso,
o ofício de amar.
Como um rio, aceitar
essas súbitas ondas
feitas de águas impuras
que afloram a escondida
verdade da fundura.
Como um rio, que nasce
de outros, saber seguir
junto com outros sendo
e noutros se prolongando
e construir o encontro
com as águas grandes
do oceano sem fim.
Mudar em movimento.
Mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda.
Como um rio."
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